sexta-feira, 27 de junho de 2014

A DEMOCRACIA QUE TEMOS E A QUE TEMEMOS Para quem está chegando agora de Marte ou de Vênus, a situação é a seguinte: o governo federal enfiou, goela abaixo, de deputados e senadores o Decreto 8.243, que cria "conselhos populares" a pretexto de discutir grandes temas nacionais. O tal decreto acaba com a representação imperfeita do Congresso Nacional e bota no lugar a representação imperfeita de ONGs, sindicatos, movimentos sociais e entidades simpatizantes, militantes, camaradas e companheiras... gente em quem os brasileiros não votam, gente controlada pelo próprio governo. Em outras palavras, não satisfeito com a democracia que temos, bem ou mal, o governo quer impor a "democracia" que tememos, por bem ou por mal. A ideia é convencer o país de que os políticos do Congresso são ruins, mas os políticos do governo ou dos conselhos são bons. Como alertou em editorial o jornal Estado de S.Paulo, o golpe começa com uma meia-verdade e termina com uma completa mentira. A rendição de deputados e senadores a este ato valerá como traição ao mandato que Vossas Excelências receberam dos eleitores, e não dos conselhos. O governo trata os críticos do tal decreto como ignorantes, alegando que existem conselhos desde 1937. Daí que 1937 foi o ano em que o Brasil foi decepado pela ditadura do Estado Novo - essa não é mera coincidência, essa é absoluta inspiração. Fica parecendo que, mesmo depois do mensalão, o grande projeto nacional da República é rebaixar o Brasil ao que há de pior na vizinhança bolivariana. Se acham que a democracia aqui não é representativa, cabe aos governistas pedirem asilo a Cuba, à Bolívia ou à Venezuela - isso em vez aprisionar os brasileiros em cativeiros ideológicos que ninguém pediu e ninguém elegeu. Por fim, levanta a mão quem NÃO quer ser sequestrado por decretos, decretaços ou decretinos. Comentário do jornalista Alex Campos no dia 27/06/2014.

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